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terça-feira, 26 de abril de 2016
O que é amor?
Como posso falar de amor, se o que eu conheço como "amor" são futilidades e paixões descontroladas de uma sociedade doente, perdida em suas carências e demências sexuais?
Dentre os novos arquétipos de amor está o: sexo sem compromisso, a carência, a paixão de fim de semana, e os filmes da Disney, sentimentos passageiros e tudo quanto é incerto e até assustador como os fetiches e masoquismos do "50 tons de cinza".
Mas será que o amor se resume em tão pouco?
Será que o amor não é aquilo que os medievais determinavam como o inominável, ou o que a Bíblia identifica como sendo o próprio Deus?
E que o que faz o casamento de meus avós terem durado mais de 50 anos não é um sentimento adolescente, nem uma carência momentânea muito menos tesão de um momento de descontrole.
Somos capazes de identificar o amor, na sodomia, no beijo descompromissado, e no adultério, mas o que realmente nos faz ficar espantados e parar o que estamos fazendo, o que nos impele a sermos melhores, e nos inspiram canções belíssimas e livros monumentais, são aqueles casos medonhos de uma pessoa passar ao lado da mesma por mais de meio século, se separando não porque o amor se esgotou mas porque seu tempo aqui na terra se acabou.
Quando meu avô foi para o hospital para nunca mais voltar, a última palavra que minha avó ouviu foi — Eu nunca pensei em desistir de você — seguido de um beijo no rosto. Eu — além deles — fui o único que viu isso, e eu te digo: ali, naquele sagrado momento, quando que por uma obra divina o tempo se misturou ao eterno, quando os anjos e os santos cessaram o louvor para olhar e louvar à Deus naquela cena, pois ali naquele pequeno quarto estava ocorrendo a maior manifestação divina, naquele momento eu vi o amor.
Talvez pudéssemos colocar então três características essências no amor.
O amor está naquele limiar da claridade que ofusca nosso entendimento, porém, quando se torna visível, mostra-nos que os que alcançaram a luz foram aqueles que tiveram todas as possibilidades de desistir mas ficaram, porque as decisões deles já estavam tomadas e essas — decisões — é para eles irrevogáveis, a decisão para estes é como camadas de suas peles, se a deixássemos ficariam esfolados e disformes, nós somos o que escolhemos, a feição de nosso caráter está na capacidade de mantermos nossas promessas e decisões.
Minha boca diz o que eu quero que você pense que eu sou, as minhas escolhas me dizem quem eu realmente sou.
Mesmo com todas as dificuldades, o marido decide ser fiel, e a mulher se decide pela família mesmo estando na época moderna do: deu errado? “Separa”.
Eis o amor que a sociedade não entende.
O amor que não conhece a palavra “descarte”, ela conhece o “consertar” o "renascer" o "recomeçar" nunca o desistir, na era industrial do joga fora e compra um novo, está lógica não cabe aos relacionamentos verdadeiramente humanos.
O amor em sua última face mostra-se sendo algo sem “porquês”.
Uma vez questionaram Madre Teresa qual era o amor que nunca acaba, ela disse que o amor que não tem o porque existir, este amor não acaba, como podem destruir um amor que existe sem razão para existir? O amor sem porquê? Aquele amor que assusta, seja você cristão ou não, a história de um homem que foi crucificado, porque amava pessoas que nem conhecia, amava aqueles que o condenava e não esperavam deles nada em troca.
Essa história é ilógica, a cruz, é totalmente ilógico, o amor é a única coisa que nós seres racionais podemos aceitar como ilógico sem demais protestos.
Como o filho assassino, e drogado que a mãe não desiste até seu último suspiro, um amor que não ama por barganha, ou escambo, é um amor que ama pura e simplesmente por amar, sem demais explicações que lhe caibam, e ponto.
Eu quero aquele amor que não cabe nas telas dos cinemas, nem nos funks ou pagodes, quem sabe um dia minha mulher beije meu rosto e me diga — Apesar de você ser um filósofo turrão, chato, só fala de política, e muitas vezes esquece de mim por conta de seus livros, apesar de tudo isso, eu nunca pensei em desistir de você —, eis o amor.
post: Marcelo Ferla
fonte: http://obviousmag.org/